O ônibus, como sempre naquele horário, estava lotado. Era impossível passar sem se espremer contra os outros passageiros. Rotina.
Duas amigas conversavam. Não tinham mais que 14 anos. Uma contava para a outra sobre o rapazinho da escola: beijo quente com gosto de chocolate, mãos que sabem pegar, pegação, e, por fim, como se fosse um mero detalhe, a namorada.
Ela aqui, de pé, se vendo ali, sentada. Provavelmente seria um pouco mais velha, mas viveu aquela mesma fase de deslumbre. O universo se resumia numa boa "pegada" que não durava mais que uma noite, ou não muito mais que um sonho mal vivido. O amor se resumia num beijo quente com gosto de chocolate.
Os anos passaram e os beijos mudaram de gosto. Gosto de compromisso, gosto de planos, gosto de companheirismo, gosto de tédio, gosto de carinho, gosto de confiança.
Era bom o chocolate, mas parece pouco para os dias de hoje.
terça-feira, 31 de julho de 2007
sábado, 28 de julho de 2007
Revoluções por minuto
Para o marido, não passava de uma nova maquiagem, um novo gasto inútil de dinheiro.
Para ela, era um recomeço. Bastava mudar as cores de algumas linhas do rosto para voltar a se achar bonita, chamar a atenção, conseguir um novo emprego, ficar bem consigo mesma, melhorar o salário, juntar um pouco de dinheiro, fazer uma nova viagem de lua-de-mel, reaquecer o casamento, matricular o filho numa escola de esporte, deixar a casa mais bonita e todos felizes.
Mas para tudo isso aquela blusinha nova também ajudaria bastante.
Para ela, era um recomeço. Bastava mudar as cores de algumas linhas do rosto para voltar a se achar bonita, chamar a atenção, conseguir um novo emprego, ficar bem consigo mesma, melhorar o salário, juntar um pouco de dinheiro, fazer uma nova viagem de lua-de-mel, reaquecer o casamento, matricular o filho numa escola de esporte, deixar a casa mais bonita e todos felizes.
Mas para tudo isso aquela blusinha nova também ajudaria bastante.
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