segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Sapa

Ai que saudade da fome no meio da tarde...
Gravidez agora, com apenas 6 semanas recém completadas, é um enjôo sem fim. Nada resolve.
Meu amado girininho me derruba para que eu fique quieta em casa, mas o mundo não pára e há uma série de trabalho a fazer...
Vida de sapa não é mole não.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Ogum

Ano que vem será de Ogum. quando soube, achei que seria um ano bom, afinal painho costuma me trazer boas novas. Durou pouco a minha alegria. O pai logo me explicou que será um ano sim bom para o trabalho, mas com o nervo à flor da pele. Sabe aquele ambiente institucional tenso, cheio de chilique? Multiplique para uma sociedade inteira! Credo...

Girino

Uma alegria imensa e uma fome descabida no meio da tarde. Início de gravidez é acima de tudo uma experiência espiritual, porque há muito pouco de mudança física. Tá certo, tenho me emocionado com filmes de Papai Noel, mas isso nem é tanta novidade.
A verdade mesmo, a gravidez de fato, aparece explícita apenas nos exames de sangue. O valente pequenino multiplica sem parar o seu próprio hormônio. É incrível como ele cresce! Ainda um girino, e já é o orgulho da mamãe!!!!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Medo

O sentimento era confuso. Um amor tão imenso que trazia consigo o meda da perda. Se conseguisse não amar, não teria chance de sofrer. Mas se não amar, não faz sentido.
Decidiu não olhar para o medo, mas cada vez que os olhos escapuliam em sua direção, ele estava lá, cada vez maior. Crescia tanto quanto o amor.
Mais uma vez estava entre a imensidão de Deus de mansinho e o medo das ações do Diabo, às brutas.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Às brutas

Às brutas também, era o ex-marido gritando com a mãe do filho no celular.
- Mas você está namorando? ... Responde que aí continuo a conversa... Ah não?! Então por que ele falou que está? ... Está mentindo porque não foi assim... Ele falou que você estava beijando na boca sem parar.
Tomara que ela estivesse mesmo. Depois de ser casada com alguém assim, ela merece dar muitos beijos na boca. Só falta se libertar do brutamonte.

domingo, 18 de novembro de 2007

Deus é de mansinho

Quatro meses para vender o apartamento, mais dois para encontrar um novo e mais um para a mudança. Três mais para acertar toda a papelada e talvez, se tudo der certo, comprar móveis novos que chegarão 30 dias depois. Por fim, mais 15 anos para pagar o financiamento.
O tempo das coisas é lento e próprio, mas a ansiedade... essa sim vem do diabo, às brutas!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Caminhos tortos

No meio do caminho sempre há uma pedra. Às vezes, desafiadora; outras, imponente, impossível; e algumas delas simplesmente dão uma preguiça...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Casa de mainha

Além da imensidão, ele é marcado pelo cheiro e pela enorme distância que fica das minhas montanhas. Mesmo tão longe, ele está presente na correria diária. É como se o balançar de suas ondas me jogasse para a frente, me fizesse andar. Lá, de longe, ele nutre os meus dias aqui, e, às vezes, seu cheiro inunda minha alma, como um presente. O mar, tão longe e tão meu.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vida besta

"Bão" mesmo é vida besta. O dia começa porque o sol se levanta e termina porque ele se põe. Tempo camarada, sem urgência de viver. Boa prosa.
Não tem pressa, não tem miséria, não tem luxo.
Tem muita criança para ocupar o muito tempo das mães.
Tem saúde, tem escola.
Não tem cinema, nem sushi, nem nada que esteja atrás das montanhas que contornam a cidade.
Tem eu deslocada, tão acostumada com o desespero diário do mundo.
Cidade grande é "bão tamém".

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Raízes

Os anos da faculdade foram um tempo comum. Os anos passaram. Cada um seguiu um caminho e os mundos ficaram diferentes. Cada um num país, num tipo de emprego, num função social, numa postura política. Até que um dia um, em Amsterda, conversa com outro numa cidadezinha do interior. Eles lembram os sonhos exagerados da época da escola e reconhem, juntos, que em algum momento as coisas mudaram, mas aqueles anos ainda alimentavam a rotina e o brilho nos olhos.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Detalhes

A vida exigiu que ela fosse dura.
Na verdade, nem exigiu tanto assim, mas foi o caminho que ela escolheu. Escolheu e gostou da imagem forte que criou de si mesma. Era forte, firme, poderosa, cheia de idéias preciosas. Valia muito o que ela pensava. Olhava a seu redor e via suas conquistas.
Mas, no fundo, trocaria tudo por um cheiro.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Tão previsível

Era dia de jogo. Desde que chegou do trabalho ele estava tenso. O jogo era fora de casa e o time certamente teria dificuldade para vencer. Minutos antes da partida, ele estava incomunicável, perdido na tensão. Ela observava. "Nossa, como ele é previsível. Tomara que o time ganhe ou terei que suportar um mega mal-humorado", pensou ela. Jogo difícil, resultado ruim, profecia cumprida.
Na manhã seguinte, antes do café, ela parou diante da balança. Ele observava. "Tomara que apreça o mesmo número que ontem ou ela vai ficar num mal-humor do cão", pensou ele. Peso medido, número ruim, profecia cumprida.

domingo, 5 de agosto de 2007

Antropofagia

A barba grande, as mãos rudes, as roupas sujas, a aparência da exclusão. Ele apareceu na grade do casa e pediu comida para as duas mulheres que estavam no jardim. "A dona da casa não está". "E daí, eu não vou comer a dona da casa. Não sou antropófago".
Antropófago assim, com acento e tudo, saiu da boca do andarilho. Certamente tem muito mais o que dizer, mas foi comido pela cidade.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Insanidade

Encantada com o mundo, a pequena menina soltou a mão da mãe e saiu correndo para o meio da rua. Seria um desespero se não fosse final de semana e a movimentada avenida não estivesse com o trânsito interrompido. Diante da calmaria, nada para se preocupar. Pelo menos seria assim se a mãe não saísse de si. Quando viu a pequena correndo e se afastando de suas mãos, a mãe começou a gritar como se tivesse sido assaltada e a pequena fosse a infratora. Correu atrás da inofensiva infratora, aos berros. Pegou a menina pelo braço, com estupidez, e começou a gritar. Condenou, humilhou e marcou a pequena que, com os olhos arregalados via a mãe enlouquecer. Talvez enlouqueçam as duas.

terça-feira, 31 de julho de 2007

Lotação

O ônibus, como sempre naquele horário, estava lotado. Era impossível passar sem se espremer contra os outros passageiros. Rotina.
Duas amigas conversavam. Não tinham mais que 14 anos. Uma contava para a outra sobre o rapazinho da escola: beijo quente com gosto de chocolate, mãos que sabem pegar, pegação, e, por fim, como se fosse um mero detalhe, a namorada.
Ela aqui, de pé, se vendo ali, sentada. Provavelmente seria um pouco mais velha, mas viveu aquela mesma fase de deslumbre. O universo se resumia numa boa "pegada" que não durava mais que uma noite, ou não muito mais que um sonho mal vivido. O amor se resumia num beijo quente com gosto de chocolate.
Os anos passaram e os beijos mudaram de gosto. Gosto de compromisso, gosto de planos, gosto de companheirismo, gosto de tédio, gosto de carinho, gosto de confiança.
Era bom o chocolate, mas parece pouco para os dias de hoje.

sábado, 28 de julho de 2007

Revoluções por minuto

Para o marido, não passava de uma nova maquiagem, um novo gasto inútil de dinheiro.
Para ela, era um recomeço. Bastava mudar as cores de algumas linhas do rosto para voltar a se achar bonita, chamar a atenção, conseguir um novo emprego, ficar bem consigo mesma, melhorar o salário, juntar um pouco de dinheiro, fazer uma nova viagem de lua-de-mel, reaquecer o casamento, matricular o filho numa escola de esporte, deixar a casa mais bonita e todos felizes.
Mas para tudo isso aquela blusinha nova também ajudaria bastante.