segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Eduardo e Mônica ( ou eu e ele)

Roubei esse texto do Desilusões Perdidas, por total identificação.
Sou jornalista tal qual o maridão e, ainda que não tenhamos diferença de idade, já presenciados tudo que está descrito aí.


Eduardo e Mônica (versão para jornalistas)


Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Quando se escolhe essa profissão?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu o livro, mas não quis nem estudar
As teorias que os mestres deram
Enquanto a Mônica tomava um esporro do editor
No fechamento, como eles disseram.

Eduardo e Mônica um dia se trombaram sem querer
A fumaça tava forte, foi difícil de se ver
Um carinha da facul do Eduardo que disse
“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir”
Gente estranha, festa de jornalista
“Eu não tô legal, já fumei mais que devia”
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais
Sobre o mundinho que ele prometeu mudar
E o Eduardo, com larica, só pensava em ir pra casa
“A geladeira eu quero atacar”.

Eduardo e Mônica trocaram seus e-mails
Depois se escreveram e decidiram tuitar
O Eduardo sugeriu um call no Skype
Mas a Mônica queria ir pro Messenger teclar
Se encontraram ainda lá no tal de Orkut
A Mônica sem foto e o Eduardo sem cabelo
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar
Mas a menina escrevia com um zelo.

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ele tinha ilusão, ela sabia economês
Ela falava de finanças, cedebês e inflação
E ele ainda maltratava o português
Ela gostava do Basile, do Furtado
Do Marx, do Stiglitz, do Yunus e Cournot
E o Eduardo era um puta Zé Ruela
E vivia dia e noite vendo site pornô.

Ela falava coisas sobre a função social
Também de lead e do pescoção
E o Eduardo ainda tava no esquema
Adorno, cerveja, truco e Enecom.

E mesmo com tudo diferente
Veio mesmo de repente
Uma vontade de se ver
Os dois sonhavam transar todo dia
Só que dela a rotina era bem de foder (er-er).

Eduardo e Mônica estudaram locução, assessoria
Web, fotografia, pro CV melhorar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre fontes, off e formas de apurar.

Ele aprendeu a escrever, pegou o gosto por ler
E decidiu estagiar (não!)
E ela até chorou na primeira vez
Que ouviu a voz dele ir pro ar
E os dois já trabalharam juntos
E cobriram pautas juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que a vida foi malucamente bela
Por ter juntado os dois.

Construíram os seus blogs uns seis meses atrás
Logo após que os passaralhos vieram
Batalharam frilas, mendigaram geral
Por muito pouco o fiofó não deram.

Eduardo e Mônica viraram assessores
Levantaram uma grana, já fizeram prestação...
Só que a vida dura não vai acabar
Porque na agência tem perrengue e a mesma ralação.

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Quando se escolhe essa profissão?
E quem irá dizer
Que não existe razão? 

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Porvir

Desde que me lembro faço com a vida um jogo de porvir. Com habilidade geminiana, me lanço em coisas que - para quem olha de longe - pouco se parecem. E aí deixo a vida escolher. Por vezes, a vida escolheu mais de um, e eu fiquei de malabarista. Desta vez, no entanto, a vida não escolheu nada do que eu propus. Talvez ela queira que eu aprenda a me equilibrar no vazio.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A gente não quer só dinheiro

Tá bom, fui eu quem botou o meu currículo na Catho, com a intenção de atrair novos clientes para a Sensata. Mas, até agora, não foi exatamente isso o que aconteceu.
Ligaram na sexta-feira, chamando para uma conversa porque buscavam um consultor e gostaram muito do meu currículo. Eu sabia que a empresa era de seguro, até porque sou cliente deles, e até supus que estavam buscando novas ferramentas de comunicação para ajudar no relacionamento com os clientes. Afinal, faço doutorado em Linguística, tenho uma empresa de comunicação estratégica e uma sólida carreira construída até aqui. Mas não era isso.
Ontem, no final da tarde, foi a conversa. E foi surreal.
Falei um pouco de mim e ouvi:
- Você já pensou em atuar na área comercial?
- Não.
- Ótimo! É justamente pessoas como você que eu procuro. O que te levaria a mudar de área?
- Não consigo nem imaginar. Gosto do que faço, faço bem, e não busco outra profissão.
- Pois aqui quase todos deixaram a carreira de outras áreas para atuar na área comercial. Eu, por exemplo, sou engenheiro. Estou aqui há dez anos.
(...)
- Você concorda comigo que o seu ganho está aquém da sua formação. Na sua empresa, você cruza e corre pra área para bater pro gol. Aqui você pode ter uma carreira. Fazemos uma análise da sua atuação profissional até agora e, a partir dos dados, fazemos a previsão de como serão as suas vendas.
(...)
- Quero apenas te fazer um convite para conhecer a empresa. Amanhã haverá uma presentação de apenas um hora. Venha para nos conhecer. A partir daí, se quiser, participa do processo de seleção. É um processo rigoroso para escolher os nossos profissionais.
- Olha, estou chocada. Eu nunca imaginei ouvir essa proposta.
- Você vai se surpreender, tenho certeza.

Eu já estava surpresa. Surpresa com a estratégia, os argumentos, a convicção dele de aquele era o melhor lugar do mundo. Receber aquela proposta, para mim, era algo tão absurdo, tão distante do que trilhei para mim, que parecia normal.

Depois de tudo isso, só o Titãs.


Bebida é água!
Comida é pasto!
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?...
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...
A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer...

domingo, 11 de setembro de 2011

Oração

Santa semana, por favor, por amor, por fé, por desejo, por necessidade, para me fazer acreditar,
seja uma boa menina e traga boas notícias
Amém

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Planeta Lixo

O Planeta Lixo está em nova plataforma.
O investimento que estamos fazendo vai mostrando sua força: apenas ontem, foram 1196 páginas visitadas!!!!
Visite e contribua, o lixo é assunto de todos nós.
www.planetalixo.com.br

domingo, 4 de setembro de 2011

Papo de mulher

Nos últimos dez anos, fiquei oito sem menstruar. Foram dois mirenas (diu com hormônio) e uma gravidez. Agora voltei ao mundo intenso das mulheres, muito pelo desejo de deixar o meu corpo livre.
Depois de tanto tempo, é inevitável notar (e comemorar) o grande avanço dos absorventes. Lembro bem as primeiras regras, ainda bem menina, e a terrível - ainda que comum - experiência de voltar para casa com a roupa suja. Anos depois chegaram absorventes mais finos, mais flexíveis, mais desenvolvidos. Agora vejo que não houve uma nova revolução, mas há avanços que trazem mais conforto. Ainda bem!!!
Foi muito bom o período sem menstruação. No início, tive um sentimento de liberdade, a certeza de que a diferença entre homens e mulheres estava por um fio. Foi bom, mas era o momento de voltar às raízes.
Hoje faço o caminho ao contrário. Quero viver os meus ciclos, quero recomeçar a cada mês, quero ouvir o meu corpo gritar que sou mulher, que as minhas semanas são diferentes, que a minha energia é empenhada organicamente para que eu seja assim. Quero comemorar o milagre que só as mulheres podem viver.