sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Nostalgia

Nunca fui de ter nostalgia, mas hoje ela bateu forte. Quando dei por mim estava cantando essa música do Chico e só então percebi que eu estava linkada no passado.


Maninha
Chico Buarque

Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções
Se lembra quando toda modinha falava de amor
pois nunca mais cantei, oh maninha
Depois que ele chegou
Se lembra da jaqueira
A fruta no capim
Dos sonhos que você contou pra mim
Os passos no porão, lembra da assombração
E das almas com perfume de jasmim
Se lembra do jardim, oh maninha
Coberto de flor
Pois hoje só dá erva daninha
No chão que ele pisou
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinha
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Prá nunca mais voltar...

Fiquei me perguntando quem será esse ele na minha vida e do que sinto falta.
Ele = descrença, desãnimo, a sensação de não ter tempo.
Acho que a saudade é de um sentimento leve, sem pra quê. Simples assim.

Decreto

Hoje decretei início do final de semana.
Meu corpo vem pedindo há dias um descanso extra e hoje decidi obedecer. Cuidar da filhota, do maridão, da casa, das férias urgentes. Isso sim parece vida.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Marcas com jeito de troféu

Acredito que toda mulher normal (normal = não passa 5 horas por dia na academia) fica com o corpo diferente depois da gravidez e da amamentação. Gordurinhas localizadas à parte, mudam as curvas, as formas, a distribuição. A postura muda completamente. E naturalmente mudam as roupas, os sapatos, o estilo.
Desconfio que qualquer mulher que passou pela maternidade sabe reconhecer outra mãe pelo jeito do corpo, pelo tom da voz quando fala de criança, por alguns assuntos que apenas as mães entendem o sentido e por saber cantar as músicas dos Backyardigans.
Mãe é para sempre.

domingo, 23 de agosto de 2009

Filha da mãe


Filhote de perua, peruinha é!

sábado, 22 de agosto de 2009

Dia seguinte

Sexta-feira tivemos a aprovação de um trabalho árduo, difícil, em alguns momentos tenso e qu elevou seis meses para ser desenvolvido. Foi muito estresse até que estivesse ali, pronto, coerente, lógico, consistente. Ontem a aprovação foi objetiva, sem muitos poréns. Fiquei uma tonelada mais leve e feliz da vida.
Hoje acordei meio de ressaca. O corpo ameaçando uma gripezinha. Deve ser saudade do estresse.

domingo, 9 de agosto de 2009

365 dias

Hoje pequena comemora o primeiro ano de vida e o meu coração está frenético. É muita história para um ano só! 365 dias muito intensos. Um amor gigante. Segue um bilhete com um pouco de carinho.

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Filha, ver você correndo pela casa atrás do au-au é a cena mais linda que já vi. A minha alma está em festa. Confesso que ontem, na hora dos parabéns, me segurei para não chorar muito, porque a sua carinha encabulada e feliz diante de tanta gente amada fez o meu coração bater muito forte.

Filha, meu amor, espero que esse seu encanto pela vida te acompanhe por todo o sempre! Você tem uma curiosidade linda pelo mundo e segue numa maestria incrível com seus passinhos ainda desordenados.

Sabe, filha, a gente dá muito passo desordenado vida afora, mas o coração sempre está certo quando nos diz para onde ir. Siga o seu coração sempre. E saiba que no meu coração mora você.

Mamãe

domingo, 2 de agosto de 2009

Conto - Putassanta

Esse conto escrevi há uns cinco anos, mas ainda gosto.

- Viu? Eu não te avisei que era em vão?

- Não foi em vão.

- Ah, não? E o que você conseguiu? Onde chegou?

- Na realidade.

- E que bela realidade!

A santa e a puta tinham muito para conversar. O que uma mais queria era ser a outra. Elas usavam armas diferentes, mas no fundo tinham o mesmo objetivo. A santa usava a segurança, e a puta, o desejo. A santa odiava o poder de sedução da puta, e a puta não suportava ver a felicidade emoldurada da santa. E elas sempre brigavam. A santa vigiava os passos da puta, e todas as vezes que a concorrente caía, ela sentia prazer em jogar sal na ferida. A puta era mais compreensiva. Não julgava a santa, até porque havia sido santa antes de cair na vida. A putassanta um dia saiu do lar ed mulher honesta e quis ver o que acontecia na rua. Quando se deu conta, estava envolvida demais com o prazer e não podia mais voltar para casa. Sentiu o sangue pulsando nas veias e não conseguia voltar a ter cara de paisagem. Mas a puta sentia uma saudadeinveja dos sonhos da santa. Desde que passou a se orientar pela pulsação, caiu numa realidade exagerada que lhe roubou os sonhos.

- Você desperta o sonho nos homens, mas não fica com nenhum para você. Eles vão embora e levam os sonhos com eles. Quem vive os sonhos sou eu. Eu tenho a família. Eu sou o porto seguro. As minhas lágrimas fazem com que ele sempre volte. Eu sou o compromisso, a certeza, o tangível.

- Você vive de migalhas.

- Migalhas que são minhas. E você vive com um pão inteiro que não é seu. Você não vive com nada de seu.

- Eu tenho a mim.

- E daí?

As palavras da santa davam chibatadas na puta. Se não bastasse fazer parte da escória da sociedade, tinha que escutar a condenação enunciada da santa. As palavras doíam pelo peso de verdade que continham, e, contra a verdade, a puta não fazia nada, nunca. E a puta sabia que o maior sonho da santa era ser puta alguma vez, então propôs:

- Use as minhas roupas esta noite. O seu marido vem me procurar neste endereço. Faça-se de mim. Disfarce e descubra o que ele busca dentro de mim. Não precisa responder, nem me contar. As roupas são essas. Use se quiser. Nunca vou te perguntar. E pode dizer a todos que quem estava lá era eu.

A puta saiu e santa pegou as roupas. Cheirou, e sentiu uma sensação de passado. Lembrou o tempo em que os lençóis de sua cama guardavam as marcas e os odores do prazer. Um tempo longe que sempre a atormentou. Desde que se tornou a família, os lençóis ficaram cruelmente limpos. E foi. Na hora marcada, o marido chegou. Ela estava deitada na cama. Ele se deitou ao seu lado, se aconchegou em seus seios fartos e começou a falar. Filosofou sobre a vida. Recuperou os sonhos. Falava em mudar de emprego, em sair da cidade. Lamentou aquela bolsa dede estudos no exterior que recusou anos antes. E falava segurando em seu seio. O corpo dela estava em brasa. Beijos sem pudor, carícias, palavras proibidas, e ele voltava a ser menino, entre sonhos e desejos. Ela guardava entre as pernas alguém que ele sempre quis ser. E a santaputa sentiu que ele estava mais dentro e perto do que nunca. Ela sentiu e deu prazer. Por um momento ela olhou dentro dos olhos dele, e viu a felicidade. Eles se viram gozando, cúmplices de uma total falta de pudor.

A santa nunca contou à puta o que aconteceu. Mas depois desse dia a raiva da santa foi multiplicada. Ela não podia ver a puta que lhe escapava uma agressão. Cada noite fria que passava em sua cama a fazia lembrar o dia em que amiga lhe deu a oportunidade de ser o que ela sempre quis. Mas a manhã chegava, as obrigações de santa começavam, e ela esquecia o dia de puta.

A puta continuava sem julgar a santa. Escutava cada uma das agressões, e selecionava as que tinham um alto grau de verdade. As que continham apenas mágoa ela descartava, porque aprendeu a sofrer apenas como que é real.