Uma vez, quando eu era solteira convicta, há quase dez anos, eu fui beijada à força numa boate.
Foi um beijo bobo, sem nada de erótico. Um beijo tal qual dei tantos outros, até em caras que mal sabia o nome. Um beijo de balada.
Mas não foi um beijo roubado. Foi um beijo tomado.
Sim, eu estava numa boate. Sim, eu estava ali para pegar alguém. Sim, eu usava uma roupa provocante.
Mas eu nunca quis aquele beijo.
Foi agressivo. Foi desnecessário. Foi horrível.
O ser riu depois de me beijar e levar uns tabefes meus até me soltar.
Eu parei para pensar em que mundo eu estava entrando, a que eu estava me expondo.
Essa história do BBB me lembrou esse caso. A minha única certeza é que acho muito triste tudo isso.
Acho triste o machismo, acho triste a mulher escolher o lugar de objeto, acho triste a obrigação do sim e triste a obrigação do não.
Acho que falta as pessoas se olharem mais.
2 comentários:
Concordo demais Isa. Tb já aconteceu comigo e penso que com qualquer mulher aqui no Brasil. Me deu muito nojo.
É isso aí Isa! As pessoas tem que sair do lugar de objeto e assumir o lugar de ser humano pensante, consequente ou inconseqüente. Mas desse episódio que não teve nada de estupro pelo que se constata, teve sim a mulher se tornando objeto, provocando e depois fazendo-se de vitima. E um rapaz negro sendo desclassificado por má conduta. E se fosse o lourinho bonitinho aconteceria o mesmo? E essa cultura do espetáculo? O BBB é o verdadeiro Panoptico do Foucoult...
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