terça-feira, 29 de julho de 2008

Rédeas

Parto normal e cesariana me parecem opções religiosas. Os argumentos de um não se parecem em nada com os do outro. São opções de vida, maneiras diferentes de entender o mundo. Claro que boas mães são feitas de qualquer maneira, ou não, mas a escolha do tipo de parto é um reflexo de uma ampla leitura de mundo.
O parto normal humanizado – sim, humanizado, porque o que se faz por aí é pior do que uma cirurgia – é uma escolha de quem decide abrir espaço e ceder o controle à mãe natureza. O parto é visto como um momento importante para o bebê, que é ajudado pela mãe, que é ajudada pelo obstetra. Não há como marcar dia, nem hora, nem saber quais sintomas exatamente levarão os pais aflitos à maternidade. É uma entrega das rédeas para o natural, deixando que o bebê e o corpo da mãe decidam quando e como será a tão esperada hora. Sim, há riscos de haver algum problema e ser necessária uma cesariana de urgência. No mundo natural, os riscos existem.
A cesariana é mais prática. O médico detem todo o controle. Tudo é programado e cumprido de acordo com a prática do profissional. Os imprevistos estão mais controlados, embora também possam existir. A mãe não sente dor durante o parto, mas tem um recuperação mais difícil pela frente. A chegada do bebê é um problema a ser resolvido e da maneira mais prática o possível.
Passar as rédeas para a mãe natureza traz uma ansiedade gigante. Deter o controle é perder boa parte da poesia, é ter a sensação de roubar para si um poder natural, mesmo que se pague o preço depois.
Ser mãe é muito mais do que essa escolha. Embora, particularmente, eu acredito que se perceber parte de um universo muito maior, tanto social quanto natural, é um aprendizado importante que aparece em pequenas e grandes escolhas vida afora e deve ser passado de mãe para filho.

Um comentário:

APPedrosa disse...

A dor é grande, mas você esquece logo que vê a carinha da pequena. beijo