Este post faz parte da blogagem coletiva O livro da minha vida, organizado pela Vanessa, do Fio de Ariadne. Vale muito a pena entrar na página dela e conhecer os outros posts.
Ele esperou por ela por toda a vida. Enfim se encontraram, já velhos. Florentino Ariza e Firmina Daza não eram exatamente o casal de protagonistas da novela das oito. Eram dos melhores personagens de García Márquez. E eu, naquela época, com uns 13 anos, jamais havia acompanhado uma história assim. Nas descrições mágicas de Gabo eles ganharam cheiros, formas e cores. Fizeram amor num navio, com a doçura que só a velhice tem, e ainda hoje sinto o balanço do mar e os cheiros daquele momento por eles esperado por muitos anos. Cá na minha meninice, tudo o que jamais havia imaginado era um amor assim. Eu lia o livro aos poucos, para que a história não acabasse. E não acabou. Ainda hoje às vezes na rua vejo o Florentino enfeitando a vida e Firmina com sua doce dureza feminina. "O amor nos tempos do cólera" não foi o livro mais inteligente, nem me trouxe perguntas e respostas como o Grande Sertão, mas me enterneceu para sempre. E foi o meu primeiro Gabo!