sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ainda o diploma

Os jornalistas estão ofendidos, machucados, tristes. Um pouco distanciada do calor do momento, consigo entender um pouco o que me atingiu. A queda da obrigatoriedade do diploma não é o ponto. Acho que isso era inevitável nesses tempos multimídia. A sociedade está se comunicando mais, nos mais diversos meios, e isso é ótimo. A obrigatoriedade do diploma era sim uma forma de reserva de mercado e o extremo disso seria dizer, por exemplo, que apenas poderia ter um blog com caráter informativo quem fosse jornalista.
O que doeu não foi o fim da reserva de mercado. Isso não me assusta. Jornalista são extremamente necessários, ainda mais numa época em que a informação além de pernas tem asas. Que todos comuniquem, mas só os bem formados sabem separar o joio do trigo (e essa formação pode sim passar por outros caminhos além do curso de jornalismo).
O que doeu foi a pose autoritária do senhor ministro do Supremo. O que doeu foi ver que o aparente desconhecimento da profissão foi motivo para um discurso cruel, vingativo, cretino. O que doeu foi ver aquele senhor, montado na sua arrogância, dizer que jornalista qualquer um é, porque qualquer pessoa comunica. E doeu muito ver o desconsolo estampado no rosto dos meus alunos que sonham com a profissão que irão exercer.
A tempestade vai passar. O jornalismo fica. Os cursos de graduação provavelmente terão um baque inicial, mas depois tudo de ajeita. A imprensa talvez experimente novos arranjos e quem sabe conseguirá melhorar a qualidade, fazendo escolhas inteligentes. E o tempo mostrará que o senhor ministro perdeu uma excelente oportunidade de fazer uma análise relevante para a sociedade, preferindo agir em função da própria mágoa.

Nenhum comentário: