quinta-feira, 21 de maio de 2009

A tenda vermelha

Estou lendo vorazmente "A tenda vermelha" e o livro está me provocando encontros deliciosos. É a história fictícia de Dinah, filha de Jacó (neta de Isaac e bisneta de Abraão), única filha mulher entre quatro esposas irmãs. Como era a única menina, ela sempre participou dos encontros, conversas e rituais das mulheres e ficou encarregada de aprender todas as tradições. Nos três dias de menstruação, sempre na lua nova, as mulheres se reuniam e se fechavam na tenda vermelha. Eram três dias de descanso do trabalho, longe dos homens e organizando a vida com a percepção e o saber feminino. 
Fico pensando o quanto as mulheres, mesmo que não se dêem conta, estão relacionadas com a natureza. Tenho como meta de vida (uma das várias) recuperar um pouco desses sentidos. Claro que não dá para voltar com rituais ("Chefe, semana que vem é lua nova e como sabe vou ficar em casa três dias sem trabalhar, reunida com as mulheres da minha família, comendo bolos, fazendo oferendas e aprendendo sobre a vida") mas sinto que é urgente recuperar o respeito às leis da natureza.
Mulheres, fêmeas, carregam em si a reprodução da vida e isso não é mero detalhe. Os nossos corpos têm cio como a terra e enchem e esvaziam como a lua, a cada quatro semanas, vivendo suas fases. Mesmo que hoje a rotina de trabalho me tome os pensamentos, o trânsito me tire do sério, os hormônios interrompam o meu fluxo e a sociedade exige o tempo do agora, meu corpo grita para ser compreendido e respeitado.
Tenho muito a aprender e muito a ensinar à pequena.

Um comentário:

Débora Marotti disse...

Nessas horas eu fico pensando: Quem foi o fdp que inventou esse tal de feminismo? Só pode ter sido homem invejoso... Agora as mulheres nao tem mais tempo pra essas coisas femininas das noites de lua nova....aiai...ja sinto saudades daqueles dias mesmo sem ter vivido "neles"...